Isso não é um cassino
Palavras-chave:
Museu de Arte da Pampulha, Patrimônio Mundial, Restauro, Arte contemporâneaResumo
O texto aborda questões relativas ao Museu de Arte da Pampulha (MAP), em Belo Horizonte, MG, e seu projeto de restauro no momento em que completa 60 anos de sua fundação (1957), e em que seu edifício-sede ganha maior visibilidade, uma vez inserido no Conjunto Moderno da Pampulha, reconhecido como Patrimônio Mundial em 2016. São propostas três leituras críticas: dos documentos de candidatura e atribuição do título ao Conjunto Moderno da Pampulha; do projeto de restauro para o MAP (que de certa forma subestima o uso já consolidado do edifício como museu) e uma leitura crítica do edifício-museu em sua realidade presente. Sobrepostas, tais leituras evidenciam os problemas que o reconhecimento daquele edifício como cassino, e não como museu, acarretam à sua preservação. Para o restauro e a preservação do MAP, enquanto patrimônio moderno e instituição cultural, deveriam ser buscadas soluções interdisciplinares (e não apenas soluções construtivas restritas ao campo da arquitetura) coerentes com sua realidade, valendo-se da produção artística contemporânea e de seu acervo, de estratégias curatoriais e museológicas, do design gráfico e expositivo, considerando-o organismo vivo, e não apenas como um invólucro reificado. Nesse sentido, são discutidos exemplos dessa interação entre produção artística e pré-existências, que colabora para a preservação do patrimônio e não o contrário.
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