O discurso da “baianidade” através da integração das artes na arquitetura moderna em Salvador
Palavras-chave:
integração das artes, arquitetura moderna, baianidadeResumo
A proposta deste artigo se concentra na discussão teórica sobre a legitimação de um discurso do moderno, ligado ao desejo de formular uma identidade brasileira, regionalmente recortada como “baianidade”, na cidade de Salvador na segunda metade do século XX, através das obras de arte integradas a edifícios construídos entre as décadas de 1950 a 1970. Trata-se de uma leitura de como esta ideologia se legitimou na capital do estado através da integração das artes, a partir da valorização de uma determinada memória da cidade, transformada em patrimônio simbólico identitário, como uma “ideia de Bahia”, ou como “baianidade”. Neste trabalho, os painéis e murais integrados aos edifícios são entendidos como imagem, mas, sobretudo, como discurso formador e legitimador deste pensamento. Concentrando-se na relação entre alguns princípios construtivos e estéticos da arquitetura moderna, variáveis em suas aplicações, e os trabalhos do artista plástico Carybé, nos quais a cidade aparece num recorte temático muito definido, a partir do uso de tradições de matriz afro -brasileira, além de estar calcada na busca de uma memória colonial, rememorando recortes de um passado, embora, ao mesmo tempo Salvador se pretendesse moderna e em pleno surto de desenvolvimento econômico e aplicação de novas tecnologias de construção e urbanismo.
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