Paisagem do abandono
Grandes edificações modernas inativas1
Palavras-chave:
Modernidade, Arquitetura moderna, DesenvolvimentismoResumo
No Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, capital federal até 1960, edifícios de grandes dimensões foram associados à iniciativas de caráter simbólico político. Na era Vargas, destacam-se os edifícios ministeriais: da Educação e Saúde Pública, do Trabalho, da Fazenda, e da Guerra. Durante o período de governo federal de Juscelino Kubitschek, construiu-se uma cidade inteira para a nova capital, e no governo militar foram implementadas obras de infraestrutura, para além do Distrito Federal. O sucesso da arquitetura moderna no Brasil não está circunscrito apenas à sua relação com o poder público, mas com o próprio desenvolvimento econômico e industrial, o processo de urbanização e o crescimento populacional, além de uma nova cultura arquitetônica e urbanística que é parte deste próprio processo social. Neste sentido, problematizaremos outras grandes edificações que também sintetizaram a ideia do país novo, moderno, mas que se encontram abandonadas. Este trabalho investigará quatro edificações modernas, não concluídas ou desativadas, que estão abandonadas na paisagem urbana contemporânea, tentando compreender as causas e impactos posteriores destes abandonos. Elas serão divididas em dois grupos: o institucional, compreendendo o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ e a Escola Superior de Guerra; e o comercial, especificando o Gávea Tourist Hotel e, mais profundamente, o Panorama Balneário Hotel. A análise tem como base as críticas de Anatole Kopp, sobre a produção arquitetônica moderna durante a década de 1950, e de Arturo Escobar, sobre produção da cidade a partir da mesma década, considerando o ideal desenvolvimentista que a regia.
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