CAMINHOS CRUZADOS
Maria do Carmo Schwab e a rede feminina de relações em sua trajetória
Palavras-chave:
arquitetura moderna, historiografia, rede feminina, Maria do Carmo SchwabResumo
A presença feminina no contexto da arquitetura moderna no Brasil é apresentada de forma bastante restrita na bibliografia especializada, cuja narrativa principal destaca, majoritariamente, um determinado grupo de arquitetos e suas produções como centrais na consolidação do moderno brasileiro. Tal abordagem acaba por invisibilizar a participação de outros e novos atores e as particularidades das expressões locais. Compreendendo a necessidade de uma revisão historiográfica, busca-se outras formas de refletir a participação das mulheres no cenário profissional, pensando não somente na esfera individual, mas também a partir de um conjunto de trajetórias, considerando a rede de relações existente em torno dessas personagens. Para tanto, propõe-se uma análise combinada entre a arquiteta capixaba Maria do Carmo Schwab, figura central da discussão, e três outras personagens que cruzam seu caminho profissional e acadêmico – Giuseppina Pirro, Carmen Portinho e Lygia Fernandes. Desse modo, reconhece-se paralelos entre suas trajetórias, indicando vinculações possíveis, bem como a versatilidade e amplitude de suas atuações, ainda em um contexto desfavorável, apontando, mais uma vez, o apagamento dessas figuras. Além disso, tendo como ponto de partida a trajetória da própria arquiteta, sendo ela a indicar os caminhos a serem investigados, possibilita-se o rompimento com a reprodução de análises lineares que identificam padrões principais e suas variações, permitindo novas linhas de pensamento. Vê-se, portanto, a interpretação de uma trajetória a partir da rede feminina de relações ao seu redor como potencial abordagem na revisão historiográfica.
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